Eu me apaixono muito fácil.
Não apenas no sentido romântico, mas em todos os sentidos. Me apaixono por ideias, lugares e pessoas. Mas, principalmente, me apaixono por momentos.
Ideias podem se tornar uma realidade constante, lugares podem ser revisitados e pessoas podem ser reencontradas. Mas momentos não acontecem mais de uma vez. A única forma de reacessá-los é por meio de lembranças. Não é igual.
Percebi que essas minhas paixonites efêmeras demoram demais para passar. Isso porque, para momentos, não posso dizer “até logo” ou “até breve”. Tenho sempre que dizer “adeus”.
Dizer adeus é desgostoso: estou dizendo adeus a cada minuto para o minuto passado. A cada vez é um furinho no peito, uma agulhada que parece inofensiva, mas a longo prazo vira infarto.
Recentemente eu disse muitos adeuses.
Disse para a nossa cantoria no carro, para os beijos furtivos no escuro, para os carinhos, para os sorrisos. Mas também me despedi de um peso que pressionava meu coração e esse adeus foi bom.
Disse para o nosso forró improvisado, que eu não sabia e ele menos ainda. Para o beijo tímido e quente que em muito pouco borbulhou meu sangue e ferveu nossos corpos. Mas esse adeus foi para dizer “muito prazer” para outras coisas, foi um adeus bom também.
Disse para a nossa conversa corrida naquele outro dia, para a feijoada com gosto de laranja e seu sorriso sujo, sobre o qual não te avisei. Mas também me despedi da possibilidade de machucar seu coração bondoso e esse foi um adeus aliviado.
É verdade que dizer adeus não é divertido, repito. Talvez seja até bonito, mas com certeza é dolorido. Mas, acima de tudo o que o adeus pode ser, ele é necessário.
Por isso te digo agora: adeus, meu amado.